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A conversão do sobrinho de Paulo VI

“Procurava inutilmente nas orações, penitências e nos exercícios espirituais da sua vocação de padre aplacar a inquietude do seu coração. Numa simples reunião pentecostal encontrou a saúde da sua alma e no presente trabalha como missionário entre os índios na América do Sul ” .
 

 
Desde a infância, ele procurava DEUS.
 

Giovanni Battista Treccani nasceu em Itália numa família tradicionalmente religiosa. A mãe, irmã do actual Papa Paulo VI, era uma católica devota, e ela trazia no coração a formação religiosa dos seus filhos. Dentre todos, foi sobre Giovanni Battista que a Igreja exerceu a sua maior influência. Ela ocupou toda a sua vida. Desde a tenra infância, ele sentiu o desejo de viver próximo de Deus. Mais tarde, serviu na Igreja Paroquial como membro do coro, e cumpriu os seus deveres com grande dignidade e profundo respeito. Frequentemente se prostrava de joelhos diante das estátuas da Virgem Maria e dos santos na ávida busca de alguma graça. Foi sempre desiludido.

 
No Seminário.
 

Na idade da adolescência, sentiu-se chamado a consagrar a sua vida ao serviço de Deus. Seu pai se opunha. Apesar disso, o jovem Treccani não se deixou desviar daquilo que ele considerava o plano de Deus para a sua vida. Junto da mãe, ele encontrou plena compreensão; e enquanto ele trabalhava nas fazendas da região para ganhar o dinheiro necessário aos estudos, ela economizava o mais que podia para ajudar o filho a tornar-se um homem de Igreja.
 
Finalmente, um dia ele pôde entrar no seminário para iniciar os seus estudos. Lá, pensava ele, eu encontrarei a paz de Deus para a minha alma e a Sua benevolência sobre a minha vida; o meu desejo ardente de uma real comunhão com Ele será plenamente satisfeito.
 
Espírito aberto, sinceramente submisso às disciplinas da sua Igreja, ele falou com os seus professores da angústia da sua alma. Mas nenhum pôde ajudá-lo a encontrar a comunhão com Deus de que sentia tanto a falta. A leitura das biografias dos santos não lhe era de nenhum proveito, pois se dava conta que os próprios santos, a par dele, tinham sido pobres criaturas humanas à procura da paz. O próprio padre-confessor do seminário ao qual ele se dirigiu por conselho, teve que admitir que ele próprio nunca tinha conhecido esta paz e que por isso não podia ajudá-lo nesta procura.
 
O tempo passado no seminário não lhe deu o que ele esperava; pelo contrário, lhe parecia que tivesse aumentado a inquietude da sua alma.

 
Não lhe foi concedida a permissão de ir ver o pai que estava a morrer.
 

Quando o pai, que com o tempo tinha aceite a escolha feita pelo filho, caiu gravemente doente, este requereu a presença do filho junto de si, na esperança que ele, como servo da Igreja, pudesse ajudá-lo a morrer em paz. Os superiores de Treccani lhe recusaram a permissão de dirigir-se a casa junto do pai que estava às portas da morte, afirmando que um padre pertence antes de tudo à Igreja e que as relações familiares não devem influir nas suas obrigações sacerdotais. Com profunda dor no coração, ele se inclinou perante estas exigências, achando-as, porém, pouco compatíveis com o quinto mandamento da Palavra de Deus, que nos recomenda honrar nosso pai e nossa mãe. Esta recusa deixou uma ferida profunda na alma do jovem padre.

 
Em direcção à América do Sul.
 

Uma outra carreira se abriu mais tarde diante de Giovanni Battista Treccani. Ele desejava servir a Deus em circunstâncias que exigem sacrifício. Seu tio, o actual Papa Paulo VI, ao tempo arcebispo de Milão, a quem ele revelou o seu desejo, interveio para apoiá-lo. Foi assim que, algum tempo depois, ele foi enviado para servir, como coadjutor de um bispo, na região montanhosa dos Andes, na América do Sul.
 
Foi entre essa pobre população que ele desenvolveu uma actividade muito meritória e, embora o seu coração estivesse ainda tão vazio e inquieto, ele consagrou tudo de si mesmo a este novo cargo, em que os riscos eram numerosos e o trabalho penoso. Foi assim que nessa região ele encontrou pela primeira vez uma obra missionária evangélica. Por princípio, ele a condenava, pois a sua Igreja lhe tinha ensinado que somente ela era a depositária da Verdade cristã. Mas, apesar da sua grande devoção ao que considerava ser a causa de Deus, ele a cada dia sentia mais a sua pobreza espiritual e a sua incapacidade de ajudar eficazmente as almas na angústia. Quanto a procurar socorro junto dos outros padres, ele já sabia que a situação deles era igual à sua; eles todos ignoravam o que quer dizer a paz de Deus que enche um coração.

 
Colocado perante a simplicidade do testemunho evangélico.
 

Um dia, saindo de uma capela onde tinha reflectido algum tempo em oração diante da Virgem Maria, encontrou um índio que lhe perguntou o que tinha feito naquela capela. Num primeiro momento sentiu-se pouco disposto a responder: ele, que vestia o hábito talar, ter de admitir àquele índio que estava à procura da paz de Deus? Qual tumulto em seu coração! Mas, cedendo a um impulso do coração, humilhou-se diante daquele homem que não conhecia e respondeu que tinha orado para ter paz na sua alma. “Não é este o lugar certo para fazer esta oração”, disse-lhe o índio. “A paz não a poderás encontrar senão junto de Jesus”. Aquele irmão índio, que tinha feito a experiência da salvação, deu com simplicidade o seu testemunho àquele jovem padre, falando-lhe da paz e da alegria que tinha encontrado pela fé em Jesus Cristo, o seu Salvador.
 
Era a primeira vez que Treccani escutava a simples mensagem do Evangelho de Jesus Cristo e ouvia falar do sangue do Cordeiro de Deus que purifica de todo o pecado; e ele escutou avidamente. Em seguida, o índio o convidou às reuniões; mas não era fácil para um padre católico sentar-se entre aquela gente que ele tinha até àquele momento combatido como heréticos. Apesar disso, ele não pôde resistir ao poder que o atraía para eles. Um dia, ele se sentou no último banco na sala, temeroso de ser reconhecido por alguém.
 
O Evangelho foi anunciado no fogo e no poder do Espírito Santo, e Treccani compreendeu logo que ali estava o que tinha em vão procurado noutro lugar durante os longos anos passados. Tudo nele respondia “Sim” a essa mensagem tão precisa relativa ao caminho da salvação. Sim, não podia ser de outra forma: A saúde de Deus é um dom gratuito da graça divina, dom muito maravilhoso, infinitamente precioso. A obra da salvação é uma obra completa, os homens nada têm a acrescentar.

 
A hora da decisão.
 

Dias de lutas angustiosas se seguiram a esse primeiro contacto com os cristãos evangélicos. Os seus superiores vieram a saber que ele tinha estado na Igreja Evangélica e lhe fizeram compreender bem a sua desaprovação. Ele procurou afastar de si a influência que os encontros com os verdadeiros crentes exerciam sobre ele; dedicou-se com um zelo redobrado a toda a espécie de actividades na Igreja, para não sofrer mais a atracção do Evangelho. Um dia, uma grande procissão devia ter lugar na cidade, a estátua de um grande santo célebre devia ser levada em passeio pelas ruas. Todo o clero, bispo à cabeça, participava nela, para dar lustro à festa. Esse dia marcou a reviravolta decisiva na vida de Treccani. Ele deixou a procissão para dirigir-se à Igreja Evangélica. Lá ele sentou-se no primeiro banco do humilde lugar e lá, finalmente, ele fez o seu encontro com Jesus, o Salvador da sua alma. A paz divina que tinha tanto ambicionado por longos anos, encheu todo o seu ser e ele soube nesses momentos solenes o que significa: Estar certo da salvação da alma. Portanto o seu desaparecimento da procissão tinha sido notado e o bispo juntamente com alguns padres foram procurá-lo para reconduzi-lo ao seu lugar. Mas ele respondeu-lhes: “Não posso mais seguir-vos, o meu lugar é aqui, junto da Cruz do Gólgota”.
 
No presente, ele é um irmão cristão, salvo por graça. Ele obedeceu ao Baptismo por imersão e o Senhor lhe concedeu por graça o baptismo no Espírito Santo. Ele não é mais padre da Igreja Católica Romana. As suas experiências com o Senhor significam que Ele escolheu a Verdade da Palavra de Deus e renunciou às tradições dos homens. Teve que pagar o preço como muitos outros: desprezo, hostilidade e perseguições. Enquanto se encontrava em Itália de visita, constatou um dia que visitantes malvados se tinham furtivamente introduzido no seu quarto saqueando tudo o que ele possuía sobre a terra.

 
O regresso para os seus amigos índios.
 

Em seguida, ele retomou a sua actividade no meio da pobre população dos Andes, na dependência do Seu Salvador e Mestre, que provê as suas necessidades. Uma profunda transformação aconteceu nele e a sua obra como missionário é animada por uma fé inabalável nas promessas de Deus e iluminada por um raio de amor e de alegria. Um tal testemunho tinha de também exercer uma influência salutar sobre a mãe. A pouco e pouco, a luz do Evangelho encontrou o caminho do seu coração.

 
O presente do Papa.
 

O tio do irmão Treccani, adoptou, graças à nova forma de governo ecuménico, um comportamento benigno para com a conversão do seu sobrinho. Escreveu-lhe muito afectuosamente para lhe perguntar se havia alguma coisa que pudesse fazer para o agradar. Giovanni Battista respondeu ao tio que precisava de um cálice para celebrar a Santa Ceia e de uma túnica para os serviços baptismais. O Papa enviou-lhe os dois objectos.
 
No momento em que publicamos este artigo, o nosso irmão Treccani se encontra na América do Norte onde visita um certo número de igrejas pentecostais. É algo de maravilhoso ouvi-lo falar do duro caminho percorrido até à revelação do amor de Deus e da saúde que nos é oferecida pela obra redentora feita na cruz do Gólgota. No rosto deste homem parece ver brilhar um pouco daquela mesma luz celestial que iluminou uma vez Estêvão, o primeiro mártir cristão, ao contemplar a face do Senhor Jesus à direita de Deus. Ele é certamente um instrumento escolhido por Deus para levar o nome do Senhor às nações.
 
Possa o seu ministério levar um grande número de almas a fazer a maravilhosa experiência da salvação pela fé em Cristo Jesus.
 
Testemunho extraído de: ‘L’Araldo Apostolico’ n°7-8 1967

 

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